Vou escrever sobre minhas experiências nesse mês que fiquei nos Estados Unidos.
Primeiramente gostaria de parabenizar as meninas do Brasil, aprendi muito com os resultados delas sobre merecimento nesse Mundial Juvenil.
Foi realmente incrível o que aprendi jogando este Mundial e o Torneio das Américas. Uma das perguntas que fiquei fazendo depois do Mundial foi “será que o resultado em si realmente corresponde ao esforço, dedicação e principalmente ao merecimento?”
Sei que a resposta é muito fácil, mais o difícil para mim é entendê-la. Dediquei-me seis meses como nunca havia me dedicado antes para um Campeonato de boliche, não estou falando SOMENTE de treinamento dentro da pista, mas de treinamento na academia quatro vezes na semana, alimentação com seis refeições diárias.
E o Resultado final? Amarguei uma desclassificação para o Master na última linha.
O mais importante, quando não se corresponde às próprias expectativas, é refletir o porquê do desempenho.
Quando acabou o jogo, não parava de pensar na minha desclassificação. Estava desapontado. Era claro na minha cabeça que merecia muito me classificar e chegar ao pódio, depois de tanto esforço feito. Porém dias depois é que entendi o porquê disso tudo: NÃO ERA A MINHA HORA.
Logo depois que acabou o jogo, conversei bastante com a Shannon O´Keefe (grande medalhista mundial e ganhadora de diversos títulos importantes) à procura de uma resposta.
Ela foi bem sincera comigo. Deu-me uma visão muito ampla sobre os pensamentos antes, durante e depois de um torneio. Ajudou-me a perceber os erros que cometi neste torneio.
Na última linha estava pensando como ia ser jogar o Master e o que ia fazer para me dar melhor no longo no dia seguinte. Regra número 1: esqueça o passado, não pense no futuro e fique no presente.
Por exemplo, alguma vez você uns minutos depois de que errar um pino 10, lembrou do erro e ficou bravo consigo mesmo? É provável que sim, pois todos já fizemos isso.
Esqueça o passado e não pense no 247 que você pretende fazer na próxima linha, fique no presente.
Ela enfatizou a parte do caráter do atleta. Um jogador arrogante vai ganhar uma vez ou outra, mas um jogador humilde e atencioso provavelmente vai ganhar muitas vezes mais. E isso podemos levar até para o lado nos negócios, pois a vida funciona assim.
Acho que essa conversa foi boa pra ela mesma, porque tenho certeza que ela está aplicando as mesmas técnicas que estou aplicando sobre como se levantar depois de uma derrota, ainda mais depois dela não ter se classificado entre as 16 melhores nesse ultimo U.S Open Feminino, há mais de um mês atrás.
Enfim, mesmo depois de conversar com os meus amigos de time e com a Shannon, não havia chegado a um consenso pessoal sobre o meu desempenho.
Conforme os dias foram passando fui fazendo reflexões sobre tudo o que estava se passando com o meu boliche. Nós sempre vamos perder mais que ganhar no boliche, isso é fato, Pode-se jogar dez torneios da PBA e, se ganhar quatro deles, com certeza será uma grande estrela. Isso é bom. Quanto a perder mais que ganhar, é bom saber que aprendemos mais quando perdemos, ou seja, aprendemos constantemente.
Tirei muitas lições nesses dias. Posso até dizer que aprendemos muito refletindo com a gente mesmo. Refleti sobre o que poderíamos ter feito para conseguir o nosso objetivo.
Diria que meu ponto fraco no boliche é a estratégia. Talvez pelo eixo de rotação da minha bola eu tenha que fazer mais mudanças que outros jogadores, fugindo da trajetória de bola simples, porque atualmente nos condicionamentos difíceis isso é imprescindível. Necessito de mais velocidade nas mudanças e quem sabe mais velocidade de bola. Tenho quase certeza que errei na estratégia tanto no óleo curto quanto no óleo longo do Mundial.
Na primeira vez que fui à Kegel, um pouco antes do mundial, Joe Slowinski (Técnico da Kegel e meu técnico atualmente) disse-me para não hesitar em jogar com a minha bola de plástico no óleo curto. Lógico que minha primeira impressão foi que era piada. Treinei isso tudo para jogar de côco no Mundial? Esse cara deve estar brincando.
Nos meus primeiros treinos no boliche da competição, meus melhores arremessos no óleo curto foram com, até então rejeitada por mim, a tal bola de plástico. Acho que os 215 de média com a minha bola de plástico poderiam ter sido melhores com uma bola reativa, jogando parecido como o primeiro do All Events. Tenho certeza que faria melhor, pois ele estava melhor daquele jeito. Tudo que não deu certo, não deu por uma razão, basta descobrir o porquê para poder fazer melhor da próxima vez, esse é o aprendizado que importa.
Outra parte que somente agora estou me aprofundando, que considero fundamental pra um jogador de boliche de alto nível e, tenho certeza, faltou para mim nestes torneios, é a parte mental. Quando falo nisso quero dizer sobre os exercícios mentais sobre visualizações das imagens da sua perfomance, que trará muitos benefícios, como CONFIANCA, positividade e tranqüilidade.
Outro dia estava pensando sobre uma coisa que a grande maioria dos bolicheiros aqui no Brasil adoram fazer, reclamar e perder o controle durante o jogo. Se as pessoas, os pinos ou até mesmo a sua perfomance durante o torneio, tiverem que ser exatamente do jeito que você espera então você se tornou refém do Universo. Ou seja, nada no seu desempenho durante uma competição deve ser da maneira que você espera.
Sempre teremos desafios e problemas, cabe a nós sabermos como lidar com eles.
Esqueça a demora de vinte minutos no seu par de pista por conta do retorno quebrou, esqueça aquela pessoa que chega para você e faz algum comentário para que pense em algo não relacionado ao seu jogo naquele momento, esqueça os problemas com sua mulher, esqueça os problemas que teve no último mês com seus negócios. Você está no campeonato para se divertir e dar o melhor de si.
Quando estiver dividindo a atenção com o seu foco no boliche com outra coisa, não estará dando o seu máximo.
“I would rather have a good plan today than a perfect plan two weeks from now.”
“E u prefiro ter um bom plano hoje que um plano perfeito daqui duas semanas.”
Ou seja, não deixa pra amanhã o que se pode fazer agora. Monte seus objetivos e vá atrás deles o quanto antes, mesmo que não sejam perfeitos agora!
Outro dia vi uma entrevista com o Michael Phelps, o maior medalhista olímpico que o mundo já conheceu. Ele disse que há quatro anos havia escrito num papel os seus objetivos, estava lá tudo o que ele queria inclusive ganhar as tão sonhadas oito medalhas de ouro em Pequim. O repórter perguntou a ele, com qual freqüência você lê este seu papel? Ele disse: Não existe uma freqüência exata, sempre que sinto cansaço, que estou querendo não ir treinar ou desmotivado, eu procuro esse papel e o leio novamente, para que me lembre dos meus objetivos e continue seguindo pelo caminho certo e não mude a rota para o caminho errado. Muitas pessoas, inclusive eu, já cometeram este erro de começar no caminho certo, depois por diversas razões começar a trilhar o caminho errado, naturalmente não conseguindo os objetivos. Ele completa: Sou só uma pessoa comum, amo o esporte que faço, tenho meus objetivos e nunca desisto enquanto não os completar.
Agora estou em Orlando, nos Estados Unidos, prestes a realizar um dos meus maiores sonhos, fazer faculdade e jogar boliche pela Webber International University Athletics.
Graças aos meus pais, minha família e meus amigos, importantíssimos na minha vida porque me apoiaram nessa vinda para a terra onde o boliche é visto como Esporte.
Por vários motivos tive que adiar esta viagem que estava planejada para o início desse ano, mas sabia que teria problemas pela frente, o modo com qual os enfrentei que foi importante para mim. Não se consegue nada na vida de “mão beijada”, ou seja, nada vem sem esforço.
Por ironia do destino apareceu uma oportunidade que considero “A oportunidade”. Vou estudar marketing na Webber Atlética e entrar para a equipe de boliche deste ano, a qual será comandada pelos técnicos da Kegel, mais precisamente por três grandes técnicos de boliche, que tive o prazer de conhecer pessoalmente agora em julho e agosto: Joe Slowinski – Técnico principal, Del Warren – Técnico assistente e Randy Stoughton – Técnico assistente.
Nossos treinos serão diariamente na própria Kegel, pois a Webber fica há dez minutos de lá. Além de estudar em uma Universidade bem conceituada da Flórida vou treinar no melhor centro de treinamento do mundo, com um dos melhores técnicos do mundo, será uma ótima experiência em todos os sentidos. Espero encontrar e ajudar muitos brasileiros bolicheiros que forem para a Kegel daqui em diante.
Clique aqui e visite a página de boliche do site da Atlética Weber
De hoje em diante, vou levar mais a sério meus treinamentos mentais e físicos, quanto mais disciplina melhor. Vou estabelecer pequenos e grandes objetivos tanto no esporte como na minha vida.
Uma boa notícia a todos, o boliche tem grande chance de ser um esporte Olímpico em 2020. Daqui há 12 anos teremos a chance de trazer a primeira medalha de Ouro Olímpica de boliche para o Brasil.
Vou mandar noticias sobre os treinamentos na Kegel constantemente, penso que isso poderá acrescentar nem que seja 1% para algumas pessoas interessadas.
Boa sorte a todos!
Abraços,
Marcelo Suartz.