Neste domingo, primeiro dia do ano novo de 2017, fiz uma atualização na página que criei no Boliche Online sob o título “Onde Jogar”.
Analisando e comparando os dados atuais com os anteriores, conclui-se que a crise do país nos últimos anos atingiu em cheio o mercado do Boliche no Brasil.
No índice anterior (clique aqui para ver) havia 342 centros de boliche com 2.393 pistas disponíveis aos jogadores porém, agora, houve uma drástica redução para 210 centros (menos 38%) com 1.530 pistas disponíveis (36% a menos ou 863 pistas fechadas ao público).
O fabricante com maior retração foi a brasileira Kopp que fechou 623 pistas (47,2% a menos que a listagem anterior), tanto que desativou sua divisão de Boliche.
Em números absolutos, o Estado que fechou mais pistas foi São Paulo (266 e 28 centros fechados), seguido pelo Rio Grande do Sul (32 centros e 139 pistas fechadas), Santa Catarina (-15 centros e -95 pistas), Rio de Janeiro (-9 centros e -45 pistas), Espírito Santo (-4 centros e -44 pistas), Mato Grosso (-6 centros e -42 pistas), Minas Gerais (-7 centros e -39 pistas), Paraná (-8 centros e -36 pistas), Distrito Federal (-4 centros e -26 pistas), Pará (-3 centros e -26 pistas) e Mato Grosso do Sul (-2 centros e -18 pistas).
Quatro Estados agora não possuem mais centros de Boliche: Rondônia, que fechou 4 centros e 18 pistas; depois Amapá, Tocantins e Sergipe, que fecharam um centro cada e 24 pistas no total.
Percentualmente, a maior redução do número de pistas ocorreu no Espírito Santo (-78%), seguido pelo Pará (-76%), Mato Grosso (-75%), Rio Grande do Sul (-60%), Santa Catarina (-40%), Mato Grosso do Sul (-39%) e São Paulo (-33%).
A crise citada no título dessa matéria é como a causa de um acidente aéreo. Nunca é um só fator ou uma situação específica que determina o desastre, geralmente é uma perversa combinação de várias falhas e ações equivocadas que provocam os resultados indesejados.
Em se tratando do negócio Boliche duas despesas se destacam entre as demais: valorização imobiliária e as obrigações trabalhistas. O percentual de aumento nas últimas décadas dos aluguéis, condomínios e taxas, assim como a valorização salarial e a agregação de benefícios ao trabalhador não puderam ser repassados aos clientes do negócio de forma compensadora.
Existe, ainda, uma dificuldade adicional para a montagem de um boliche no tocante à ocupação do imóvel, quer seja locação ou aquisição, pois o espaço destinado ao público consumidor geralmente não ultrapassa 20% da área total, alugada ou adquirida, o restante fica para as pistas e área operacional.
É claro que até o famigerado Custo Brasil entra na equação, pois o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas praticamente inviabiliza ou encarece os investimentos no país, elevando as iniciativas empresarias a níveis de alto risco.
A legislação fiscal também é complexa e, pior, ineficiente.
As taxas de juros de financiamentos atingiram patamares que nenhum negócio lícito consegue absorvê-las.
Há um percentual significativo dos empreendedores deste ramo que não se prepara adequadamente para tocar o negócio de forma planejada, preferindo apostar na intuição comercial que acham possuir. Não fazem planos de negócios, não fazem estudo do mercado, nem do potencial da região de instalação.
No entanto, sempre haverá alguém que irá descobrir o formato ideal para cenários como o atual em nosso país.
Oxalá não demorem muito a aparecer.